sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Cabana Dos Sons. (parte 01)


Era apenas um passeio de férias, o que de errado poderia acontecer em uma colônia de férias? Absolutamente nada é o que você deve estar me respondendo, Mandy, Khirsten, Demi e Cazie também pensavam assim. Um lual as fez mudar totalmente de idéia, e com certeza vocês também mudarão.
A lua cheia brilhava no céu escuro e com poucas estrelas naquela noite cheia de névoa em que a turma da colônia resolveu fazer o famoso lual de fim de acampamento.
Eles tinham quase tudo pronto para a comemoração, até alguns meninos (do bloco C) que sabiam tocar violão. Só faltava a lenha para a fogueira, lual sem fogueira não é nada!
-Vamos, Demi - Cazie pediu fazendo biquinho. - É só pegar algumas medeirinhas aqui, uns galhos ali. Se eles virem que agente vai eles vão também. O acampamento tá acabando. Eu TENHO que pegar aquele loirinho HOJE!
-Cazie... - Demi respirou fundo contando até três. - olha aquela floresta. Viu? Se agente se perder você não vai pegar nem loirinho, nem moreninho, nem ruivinho e nem japinha.
-Eu não quero morrer comida pro formigas. -Khirsten fez uma cara de horrorizada.
-Largem de idiotice! Nós não vamos no perder, eles vão com agente e tá tudo certo. Acordem pra vida, ela é bela e é pra ser curtida. - a menina falava estalando os dedos em frente aos rostos das amigas.
-Se eles vierem os amigos dele vão pensar que também vão se dar bem e eu não to planejando ficar com ninguém hoje não. - Mandy disse e as amigas riram com vontade. - Que foi?
-O dia em que você não quiser ficar com ninguém eu me jogo no Ganjes. - Demi disse entre as gargalhadas quase sentindo lágrimas escorrerem e vendo a amiga abrir a boca em sinal de indignação.
-Pois agora eu quero ir. E vocês vão também. Eu sou mais a velha e digo que TODAS nós vamos!

Era para os meninos irem com elas, certo? Certo, mas um dos coordenadores encarregou Penny, uma garota estranha e de cabelos curtos e negros, para ir com elas. Segundo Demi a tal garota parecia cercá-las desde o primeiro dia de acampamento, o que a incomodava bastante. As outras achavam que Demi era muito desconfiada e não prestavam muita atenção nos argumentos que ela apresentava para defender suas teorias de que Penny era uma alienígena ou algo do tipo.
-Eu não vou com ela não. – Demi cochichou assim que ouviu as ordens o coordenador gordo e careca.
-Eu não faço mais questão de ir. Droga! O meu loirinho... – Cazie fez voz de choro e recebeu um pedala de Mandy.
-Agora você vai, assanhada!- Mandy riu e saiu puxando Cazie com uma mão e Demi com a outra quando viu Penny já se direcionando a mata fechada que circundava o acampamento.
-Penny! – Mandy chamou – Espera agente!
-Ela parece mais o Flash que uma menina! – Khirsten riu.
-Ela parece uma fugitiva da polícia, isso sim! – Mandy andava emburrada por ter sido forçada a andar com a menina esquisistranha.
-O Flash me seduz. – Mandy fez uma cara divertida e riu sendo acompanhada pelas outras.
-Não tem lenha nessa joça, não! Já deve fazer mais ou menos meia hora que agente anda por aqui e nada.
-Essa Penny tá me deixando louca com esse andar rápido. Eu sou uma sedentária, será que ela não entende isso? – Khirsten riu jogando a cabeça para trás e em seguida esbarrou em Demi que andava na sua frente e havia parado de sopetão. – Tá louca, menine? Quase fico sem nariz. – a menina colocou a mão no nariz fazendo uma careta.
-A Penny entrou ali. – Demi apontou uma cabana à sua frente.
-Vamos atrás dela, uai. – Cazie deu de ombros e seguiu rumo à cabana com ar de abandonada.
-Cazie, sua louca! – Demi segurou se braço. – Essa cabana me dá arrepios, parece de filme de terror, sei lá.
-Demi, minha flor, sua mãe já mandou você parar de assistir Sobrenatural antes de dormir, não mandou? – Mandy riu e mais uma vez saiu puxando a amiga “alienada”.

A porta rangeu ao ser aberta pelas mãos trêmulas de Demi, que fora forçada a entrar primeiro. No interior da cabana encontrava-se o maior e mais completo escuro que se possa imaginar, ali não se via nem o próprio nariz. Aquele lugar era realmente amedrontador e lá não se ouvia mais os barulhos das corujas e nem o som dos grilos, nem a madeira velha e podre rangia sob os pés das garotas, a cabana era silêncio, um silêncio inquebrável. Mandy tentou falar algo, mas sua voz não saiu, nem um som foi emitido, nem um murmúrio sequer, aquele lugar era como uma TV no mudo. Como elas saberiam se Penny estava ali? Lá não se podia ver nem ouvir, como saber quem ainda estava ali? Cazie tentou gritar, mas o grito ficou preso em sua garganta e tudo que ela conseguiu fazer foi tatear o telão negro a sua frente, suas mãos bateram em algo e ela deslizou as pontas dos dedos sobre a superfície do que lhe pareceu um rosto enrugado e úmido. O rosto sob os dedos de Cazie a fez tentar gritar outra vez, agora muito mais alto. O grito saiu, o som foi emitido, foi como tirar a televisa do mudo de repente, o som estourou no ambiente como um urro e os sons voltaram. Um clarão iluminou o lugar de repente e iluminou o local, Cazie viu o homem em sua frente pingando um líguido viscoso pelo rosto completamente enrugado e tenebroso. Elas saírem do pause em que parecia terem sido colocadas e correram dali, correram como nunca correram na vida. O clarão permitiu que Demi constatasse: Penny não estava lá.

-Agente não sai do lugar! – Khirsten olhou desesperada para as amigas vendo de novo a cabana na frente delas.
-Nós vamos entrar de novo! – Mandy falou convicta e as amigas a olharam com os olhos transbordando pavor.
-Eu não entraria lá de novo nem que o Taylor Lautner tivesse lá dentro só de cueca dançando e cantando ‘Vem que eu te encho de talento’. Não quero ver aquele... Sei lá o que era de novo.
-Depois eu que devia parar de assistir Sobrenatural. – Demi fez cara de descaso. –Pior é agente dormir ao relento. Vamos entrar. – falou já indo em direção à cabana torta.

Desta vez o escuro não era tão intenso e os sons podiam ser ouvidos. Cazie e Khirsten seguravam fortemente na mão uma da outra.-Tem uma lamparina, uns cotocos de vela e uma caixa de fósforos quase vazia aqui. – Mandy falou de um dos cantos do lugar e as outras foram até ela para verem a luz tomar conta do lugar. – Parecem ter sido deixados para agente. – ela riu numa tentativa frustrada de amenizar o clima tenso que se instalara ali.
Elas observaram o local e viram que não era tão ruim quanto era por fora, nem poeira havia ali. Uma poltrona verde musgo chamou a atenção das meninas que, exaustas, sentaram todas ali para, quem sabe assim, dar o devido e merecido descanso para sua pernas. Sentiram uma brisa gélida bater em seus narizes e em seguida ouviram um baque de porta batendo e um ‘clic’ dela sendo trancada. Correram até a porta, ela não podia mais ser aberta.


CONTINUA...

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